Vinícius, autoV Vinicius, autor
do excelente livro "Vinicius
de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que
viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e
fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a
credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de
ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a paixão, sabemos desde os
gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra
ingrata.
Dele disse Carlos Drummond de Andrade:
"Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da
paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu
queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o
definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no
Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca
deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o
único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um
labirinto em busca de uma saída".
O que torna Vinicius um grande poeta é a
percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de
enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério,
a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se
tornar show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a
vida viajando, Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond
descreve, sem conseguir dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós
que teve a vida de poeta".
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes aos nove anos de idade parece que pressente o poeta: vai, com a
irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e altera seu nome
para Vinicius de Moraes. Nascido em 19-10-1913, na Rua Lopes
Quintas, 114 — bairro da Gávea, na Cidade Maravilhosa, desde cedo demonstra seu
pendor para a poesia. Criado por sua mãe, Lydia Cruz de Moraes, que, dentre
outras qualidades, era exímia pianista, e ao lado do pai, Clodoaldo Pereira da
Silva Moraes, poeta bissexto, Vinicius cresce morando em diversos
bairros do Rio, infância e juventude depois contadas em seus versos, que
refletiam o pensamento da geração de 1940 em diante.
Em 1916,
a família
muda-se para a rua Voluntários da Pátria, 129, no bairro de Botafogo, passando
a residir com os avós paternos, Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero
Pereira da Silva Moraes.
No ano seguinte mudam-se para a rua da Passagem,
100, no mesmo bairro. Nasce seu irmão Helius. Com a irmão Lydia, passa a
freqüentar a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.
Em 1920, por disposição de seu avô materno, é
batizado na maçonaria, cerimônia que lhe causaria grande impressão.
Após três outras mudanças, em 1922
a família
transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, 109-A.
Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua
Voluntários da Pátria, no ano seguinte.
Em 1924, inicia o Curso Secundário no Colégio
Santo Inácio, na rua São Clemente. Começa a cantar no coro do colégio nas
missas de domingo, criando fortes laços de amizade com seus colegas Moacyr
Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este sobrinho
de Raul Pompéia. Participa, como ator, em peças infantis.
Torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo
Tapajóz, em 1927, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do
colégio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casas de
famílias conhecidas.
Compõe, no ano seguinte, com os irmãos Tapajóz,
"Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande
sucesso. Nessa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã
Laetitia.
A família volta a morar na rua Lopes Quintas em
1929, ano em que Viniciusbacharela-se em Letras no Santo Inácio. No ano
seguinte entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação
especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil, para
ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais"
(CAJU), tornando-se amigo de Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins
Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe,
Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.
Em 1931, entra para o Centro de Preparação de
Oficiais da Reserva (CPOR).
Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial
da Reserva, em 1933. Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro
livro, O caminho para a distância, na Schimidt Editora.
Forma e exegese, seu livro de poesias lançado em
1935, ganha o prêmio Felipe d'Oliveira.
Em 1936, substitui Prudente de Moraes Neto como
representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica.
Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher". Conhece o poeta
Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.
Em 1938, é agraciado com a primeira bolsa do
Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de
Oxford, para onde parte em agosto daquele ano. Trabalha como assistente do
programa brasileiro da BBC. Conhece, então, na casa de Augusto Frederico
Schmidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos maiores
amigos. Instado por outro grande amigo, Otávio de Faria, a se tornar um poeta
mais com os pés no chão, e não o "inquilino do sublime" como, então,
o chamou, lança Novos Poemas. Seguindo esta mesma linha, são
lançados, posteriormente, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas,
Sonetos e Baladas, escrito em 1946, que já começam a mostrar o
poeta sensual e lírico, mas, como ele próprio disse, um "poeta do
cotidiano".
No ano seguinte, casa-se por procuração com
Beatriz Azevedo de Mello. No final desse ano, retorna ao Brasil devido à
eclosão da II Grande Guerra. Parte da viagem é feita em companhia de Oswald de
Andrade.
O ano de 1940 marca o nascimento de sua primeira
filha, Suzana. Torna-se amigo de Mário de Andrade.
Estréia como crítico de cinema e colaborador no
Suplemento Literário do jornal "A Manhã", em companhia de Cecília
Meireles, Manuel Bandeira e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação
de Múcio Leão e Cassiano Ricardo, em 1941.
Em 1942, nasce seu filho Pedro. Favorável ao
cinema silencioso, Vinicius inicia um debate sobre o assunto com
Ribeiro Couto, que depois se estende à maioria dos escritores brasileiros mais
em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. A convite do
então prefeito de Belo Horizonte (MG), Juscelino Kubitschek, chefia uma
caravana de escritores brasileiros àquela cidade, onde se liga por amizade a
Hélio Pelegrino, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Otto Lara Resende.
Juntamente com Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, inicia a roda literária
do Café Vermelhinho, no Rio de Janeiro, à qual se misturam a maioria dos jovens
arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão,
Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa,
Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira e Bruno Giorgi, entre outros. Conheceu a
escritora argentina Maria Rosa Oliveira e, através dela, Gabriela Mistral.
Freqüenta as domingueiras na casa de Aníbal Machado. Ainda nesse ano, faz
extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo
Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista
convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de
quem se tornaria, depois, grande amigo.
No ano seguinte, ingressa, por concurso, na
carreira diplomática. Publica Cinco Elegias em edição mandada fazer
por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria.
Dirige, em 1944, o Suplemento Literário de
"O Jornal", onde lança, entre outros, Pedro Nava, Francisco de Sá
Pires, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Marcelo Garcia e Lúcio Rangel, em colunas
assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos,
como Athos Bulcão, Maria Helena Vieira da Silva, Alfredo Ceschiatti, Carlos
Scliar, Eros (Martin) Gonçalves e Arpad Czenes.
Em 1945, um grande susto: sofre grave desastre
de avião na viagem inaugural do hidro "Leonel de Marnier", perto da
cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacyr
Werneck de Castro. Colabora com vários jornais e revistas, como articulista e
crítico de cinema. Escreve crônicas diárias para o jornal
"Diretrizes". Faz amizade com o poeta chileno Pablo Neruda.
No ano de 1946, assume seu primeiro posto
diplomático: vice-consul do Brasil em
Los Angeles, Califórnia (USA). Ali permanece
por quase cinco anos, sem retornar ao seu país. Publica, em edição de luxo, com
ilustrações de Carlos Leão, seu livro, Poemas, sonetos e baladas.
Vinicius, amante da sétima arte, inicia seus estudos de cinema com Orson Welles
e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film, em 1947.
Em 1949, João Cabral de Melo Neto tira, em sua
prensa manual, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu
poema Pátria Minha.
Visita o poeta Pablo Neruda, no México, que se encontrava gravemente enfermo.
Ali conhece o pinto Diogo Siqueiros e reencontra o pintos Di Cavalcanti. Morre
seu pai. Volta ao Brasil, em 1950.
No ano seguinte, casa-se, pela segunda vez, com Lila
Maria Esquerdo e Bôscoli. A convite de Samuel Wainer, começa a colaborar no
jornal "Última Hora", como cronista diário e posteriormente crítico
de cinema.
Em 1952, é nomeado delegado junto ao Festival de
Punta del Este, fazendo paralelamente sua cobertura para "Última
Hora". Terminado o evento, parte para a Europa, encarregado de estudar a
organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no
sentido da realização do Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações
do IV Centenário da cidade. Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean
Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de
suas Cinco Elegias. Sob encomenda do diretor Alberto
Cavalcanti, com seus primos Humberto e José Francheschi, visita, fotografa e
filma as cidades mineiras que compõem o roteiro do Aleijadinho, com vistas à
realização de um filme sobre a vida do escultor.
Em 1953, nasce sua filha Georgiana. Compõe seu
primeiro samba, música e letra, "Quando tu passas por mim". Faz
crônicas diárias para o jornal "A Vanguarda" e colabora no tablóide
semanário "Flan", de "Última Hora". Parte para Paris
como segundo secretário de Embaixada. Escreve Orfeu da Conceição, obra
que seria premiada no Concurso de Teatro do IV Centenário da Cidade de São
Paulo no ano seguinte, e que teve montagem teatral em 1956, com cenários de
Oscar Niemeyer. Posteriormente transformada em filme (com o nome de Orfeu
negro) pelo diretor francês Marcel Camus, em 1959, obteve grande sucesso
internacional, tendo sido premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e
com o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Nesse filme
acontece seu primeiro trabalho com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim).
Sai da primeira edição de sua Antologia
Poética. A revista "Anhembi" publicaOrfeu da Conceição, em 1954.
No ano seguinte, compõe, em Paris, uma série de
canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para
o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme Orfeu negro. Volta ao
Brasil em curta estada, buscando obter financiamento para a realização do
filme. Diante do insucesso da missão, retorna a Paris em fins de dezembro.
Em 1956, retorna à pátria, no gozo de
licença-prêmio. Nasce sua filha, Luciana. A convite de Jorge Amado, colabora no
quinzenário "Para Todos", onde publica, na primeira edição, o
poema O operário em construção. A peçaOrfeu da Conceição é
encenada no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de
luxo, ilustrada por Carlos Scliar. As músicas do espetáculo são de autoria de
Antônio Carlos Jobim, dando início a uma parceria que, tempos depois, com a
inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de
renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de
bossa nova. Retorna ao posto, em Paris, no final do ano.
Publica Livro de Sonetos, em
edição de Livros de Portugal, em 1957. É transferido da Embaixada em Paris para
a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final do ano é transferido para
Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.
Em 1958, sofre um grave acidente de automóvel.
Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP "Canção
do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por
Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa nova,
no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as
quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do
movimento.
1959 marca o lançamento do LP "Por toda a
minha vida", de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno. Casa-se
sua filha Susana.
No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado
das Relações Exteriores. Em novembro, nasce seu neto Paulo. Sai a segunda
edição de sua Antologia Poética, uma edição popular da peça Orfeu da
Conceição e Recette de femme et autres poèmes, tradução de
Jean-Georges Rueff.
Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha.
Aparece Orfeu negro, em tradução italiana de P. A. Jannini, em 1961.
Dá início à composição de uma série de
afro-sambas, em parceria com Baden Powell, entre os quais "Berimbau"
e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra, compõe as canções de sua
comédia musicada Pobre menina rica. Em agosto desse ano, 1962, faz
seu primeiro show, que obteve grande repercussão, ao lado de Jobim e João
Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos
"pocket-shows", onde foram lançados grandes sucessos internacionais
como "Garota de Ipanema" e "Samba da benção". Na mesma
boate, faz apresentação com Carlos Lyra para apresentar "Pobre menina
rica", ocasião em que é lançada a cantora Nara Leão. Compõe, com Ary
Barroso, as últimas canções do grande mestre da MPB, como "Rancho das
Namoradas". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava,
como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.
Em 1963, inicia uma parceria que produziria
grandes sucessos com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha e retorna a
Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à UNESCO.
No início da revolução de 1964, retorna ao
Brasil e colabora com crônicas semanais para a revista "Fatos e
Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre música popular para
o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime. Com Dorival
Caymmi, participa de show muito sucesso na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em
Cy. Desse show é feito um LP.
1965 marca o lançamento de Cordélia e o
peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério de Educação e
Cultura. Ganha o primeiro e segundo lugares do I Festival de Música Popular de
São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell.
Parte para Paris e St. Maxime para escrever o roteiro do filme
"Arrastão". Indispõem-se com o diretor e retira suas músicas do
filme. Parte de Paris para Los Angeles a fim de encontrar-se com Jobim. Muda-se
de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, 20. Começa a trabalhar
no roteiro do filme "Garota de Ipanema", dirigido por Leon Hirszman.
Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.
No ano seguinte é lançado o livro Para uma
menina com uma flor. São feitos documentários sobre o poeta pelas
televisões americana, alemã, italiana e francesa. Seu "Samba da
benção", em parceria com Baden Powell, é incluído, em versão do compositor
e ator Pierre Barouh, no filme "Un homme... une femme", vencedor do
Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do juri desse
festival.
Em 1967, sai a sexta edição de
sua Antologia Poética e a segunda de Livro de
Sonetos (aumentada). Faz parte do júri do Festival de Música Jovem, na
Bahia. Ocorre a estréia do filme "Garota de Ipanema". É colocado à
disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual
de um Festival de Arte em
Ouro Preto.
Falece sua mãe, em 25 de fevereiro de 1968. Aparece a
primeira edição de suaObra Poética. Seus poemas são traduzidos para o italiano
por Ungaretti.
Em 1969, é exonerado do Itamaraty. Casa-se com
Cristina Gurjão, com quem tem uma filha chamada Maria.
No ano seguinte, casa-se com a atriz baiana
Gesse Gessy. Inicia parceria com o violonista Toquinho.
Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja
pela Itália, numa espécie de auto-exílio. No ano seguinte, com Toquinho, lança
naquele país o LP "Per vivere un grande amore".
A Pablo Neruda é lançado em
1973. Trabalha, no ano seguinte, no roteiro, não concretizado, do filme
"Polichinelo". Participa de show com Toquinho e a cantora
Maria Creuza, no Rio. Confirmando os boatos de que o governo o perseguia,
excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho, em 1975.
Em 1976, novo casamento, agora com Marta
Rodrigues Santamaria. Escreve as letras de "Deus lhe pague", em
parceria com Edu Lobo.
Participa de show na casa de
espetáculos "Canecão", no Rio, com Tom Jobim, Toquinho e
Miúcha. Grava um LP em Paris, com Toquinho, em 1977.
No ano seguinte, excursiona com Toquinho pela
Europa. Casa-se com Gilda de Queirós Matoso.
Em 1979, participa de leitura de poemas no
Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder
sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um
derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro
lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral.
Morre, na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em
companhia de Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu
livro O deve e o haver.
Lançado postumamente, no Livro de Letras, publicado em
1991, estão mais de 300 letras de músicas de autoria de Vinícius, com
melodias suas e de um sem número de compositores, ou parceirinhos, como
carinhosamente os chamava.
Em 1992, é lançado um livro que hibernou anos
junto ao poeta: Roteiro Lírico e Sentimental da Cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, onde Nasceu, Vive em Trânsito e Morre de Amor o
Poeta Vinicius de Moraes.
No ano seguinte, uma coletânea de poesias é publicada no livro As
Coisas do Alto - Poemas de Formação, mostrando a processo de formação
do poeta, que é uma descida do topo metafísico à solidez do cotidiano.
Em 1996, é lançado livro
de bolso com o título Soneto de Fidelidade e outros poemas, a
preços populares. Essa publicação fica diversas semanas na lista dos mais
vendidos, o que vem mostrar que mesmo após 16 anos de seu desaparecimento, sua
poesia continuava viva entre nós.
Em 2001,
a industria
de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por Vinicius de
Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa mais
linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".
Inconstante no amor (seus
biógrafos dizem que teve, oficialmente, 09 mulheres), um dia foi questionado
pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, poetinha, quantas vezes você vai se
casar?".
Num improviso de
sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."
No dia 08/09/2006, é
homenageado pelo governo brasileiro com sua reintegração post
mortem aos quadros do Ministério das Relações Exteriores, ocasião em que
foi inaugurado o "Espaço Vinicius de Moraes" no Palácio do Itamaraty
- (RJ).